Votação de Calheiros indica que pelo menos 11 senadores mentem

Senado em crise. A soma dos votos dos parlamentares que disseram ter votado pela cassação de Calheiros seria suficiente para encerrar o mandato do senador alagoano

Depois da conturbada sessão fechada de quarta-feira, quando Renan Calheiros (PMDB-AL) acabou absolvido, o Senado acordou ontem sob o império da dúvida. Muitos senadores juraram ter votado pela cassação, mas o manto do voto secreto indica que alguns deles não falaram a verdade: o grupo dos que se anunciam como pró-cassação é mais numeroso que os insuficientes 35 votos registrados no placar eletrônico. Na hora de dizer que votaram por mandar Calheiros para casa, apareceram 46 nomes. Onze senadores estariam mentindo.Ao longo do dia de ontem, os números oscilaram conforme enquetes eram divulgadas. No cafezinho, na tribuna ou nas entrevistas, senadores tentavam driblar possíveis dúvidas assegurando que queriam tirar Calheiros do Congresso.Integrantes da oposição disseram ontem que sabiam da impossibilidade de conquistar mais do que os 35 votos de quarta-feira. Contudo, Democratas e PSDB explicam que não pretendem apurar quais foram os senadores de seus partidos que não quiseram punir o presidente do Senado, preferindo responsabilizar a base governista - em especial o PT - pela manutenção do mandato de Calheiros.O senador Eduardo Suplicy (PT-SP), um dos poucos petistas a declarar que votou pela cassação do mandato, rejeita a idéia de que o partido tenha sido o responsável pela absolvição: - Ele (Calheiros) teve votos em todos os partidos. Os três senadores gaúchos, Paulo Paim (PT), Pedro Simon (PMDB) e Sérgio Zambiasi (PTB), evocam a tradição política do Estado e suas trajetórias para confirmar que votaram como haviam anunciado antes da sessão (leia entrevistas abaixo). Como já vem ocorrendo em outros temas, os três afirmam ter ignorado as diferenças partidárias, fechando questão pela cassação.

Porto Alegre, 14 de setembro de 2007. Edição nº 15365 - Jornal Zero Hora